O uso inadequado do implemento pode render multa por excesso de peso
Nelson Bortolin
O empresário Antônio Ortega Pelegrina, de Sorocaba (SP), comprou gato por lebre. Em vídeo enviado à Revista Carga Pesada, ele conta que sofreu um acidente e teve de adquirir outra carreta. Acontece que a Vanderléia era para um cavalo toco (4×2) e o dele é trucado (6×2). E agora ele corre o risco de ser multado por excesso de peso.
“A carreta é muito boa. Mas quem me vendeu, eu penso que também por falta de conhecimento, não me passou que ela é para cavalo toco. E o meu cavalo é trucado”, afirma Pelegrina, que é dono da San Roman Suplementos Nutricionais. “Como consumidor, eu olhei os documentos, as placas da carreta, o chassi e não vi nenhuma irregularidade. Essa questão da aplicação da carreta (para qual tipo de cavalo) não consta nem do documento e nem no chassi”, critica.
Ele afirma que gravou o vídeo com objetivo de esclarecer os demais leitores da Revista Carga Pesada para não incorrer no mesmo erro que ele.
“Isso é muito comum. Eu vejo todo dia nas estradas cavalo engatado com carreta errada”, conta o engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da Transtech, de Curitiba. Ele explica que, para distribuição correta do peso, as carretas fabricadas para cavalo 4×2 (toco) têm os eixos mais para frente. “Se você usar um cavalo 6×2 (trucado) com carreta feita para 4×2 e levar toda a carga líquida permitida, que no caso da Vanderléia são 34 toneladas, vai dar excesso de peso nos eixos da carreta”, explica.
O engenheiro diz que Pelegrina tem três opções para resolver o problema. A primeira é reformar a carreta levando os três eixos mais para trás, solução que Melo desaconselha. Como o próprio empresário diz no vídeo, trata-se de um serviço que sairia caro. “É uma operação cara, arriscada e complexa, que envolve o uso de maçarico e solda no chassi e pode estragar a carreta”, ressalta Melo
A segunda alternativa é trabalhar com a carga líquida da Vanderléia fabricada para cavalo toco, ou seja 29 toneladas. E a terceira é colocar mais carga na dianteira da carreta. “É uma forma de compensar, mas nem toda carga permite que isso seja feito adequadamente”, ressalva o engenheiro.
Melo afirma que as diferenças entre as carretas são sutis, mas visíveis. E dá uma dica. “Se, depois do último eixo, houver espaço para dois estepes, essa carreta é para cavalo 4×2. Se couber apenas um estepe, ela foi feita para 6×2.”
Ele acrescenta que, no caso de um cavalo bitruck (8×2), não há nenhum espaço sobrando ao final da carreta. “O último eixo estará encostado no para-choque.” Mas essa configuração não é permitida para Vanderléias.
CARRETAS VANDERLÉIAS
CARRETAS LS
Alguns fabricantes de carretas, segundo o engenheiro, deixam a suspensão na posição intermediária e as classificam como carretas multiuso. “Na verdade, não estão corretas nem para um nem para outro tipo de cavalo”, ressalta.
Para ser multiuso de fato, além de trocar o pino-rei de posição, seria necessário um sistema que permitisse deslocar a suspensão de uma posição para outra. “Em outros países isso é comum. É a suspensão chamada sliding ou deslizante. Mas, no Brasil, não temos esse modelo”, informa.
Veja o vídeo enviado por Antônio Ortega Pelegrina:
2 Comentários
Será que não existe a possibilidade de uma relocação do pino rei?
O pino-rei pode ser recolocado em outra posição. Mas a suspensão precisaria também ser reposicionada.