Revista Carga Pesada

Para Sindtanque, certificação é marketing

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Presidente do sindicato não acredita que certificados garantam qualidade no transporte

Certificações como a do Sistema de Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade (Sassmaq) não garantem segurança no transporte e servem mais como marketing para as transportadoras. É o que pensa o presidente do Sindicato dos Transportadores Comerciais Autônomos de Cargas Líquidas e Produtos Corrosivos do Estado de São Paulo (Sindtanque), Bernabé Parra Rodrigues, o Gastão.

“Eu não acredito no Sassmaq. Há empresas que a gente vê que não tem a menor condição de ter certificado, mas tem. Quem é que fiscaliza a qualidade dessas empresas?”, questiona.

Para ele, os acidentes com caminhões têm relação direta com o mercado de frete brasileiro, que trabalha com valores muito baixos, o que leva a um “vale tudo”. “Grandes companhias (distribuidoras de combustíveis) realizam verdadeiros leilões de frete. Quem cobra menos leva”, declara.

De acordo com o presidente do sindicato, os transportadores não têm receita para, por exemplo, realizar todas as manutenções que os veículos requerem.

E a corda arrebenta sempre para o lado mais fraco, que é o motorista, obrigado a realizar jornadas desumanas. “Há alguns anos, acompanhei um acidente que o motorista morreu. Ele já tinha trabalhado 12 horas. E a empresa mudou ele de placa (de veículo) e mandou seguir rodando. Não tem fiscalização para verificar a jornada desses caminhoneiros. Quando eles se negam a trabalhar mais são demitidos.”

Burlar a legislação, segundo Gastão, é uma prática recorrente no País. “Tem muita transportadora que contrata motorista e registra com piso da categoria. Mas na verdade ele trabalha por comissão. Tem que rodar bastante para sobreviver. Raras são as empresas que pagam direitos como salário, hora extra, adicional noturno”, denuncia.

Profissional autônomo propriamente dito é difícil encontrar no transporte de carga perigosa. “Para pagar menos impostos, as empresas exigem que o motorista tenha CNPJ. Agora com o MEI do Caminhoneiro vai ficar pior.”

Trabalhar com pessoas jurídicas, segundo Gastão, também é uma forma de os contratantes tentarem se proteger de responsabilidades em caso de acidente.

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