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Governo já leiloou 2 dos 6 lotes de estradas do Paraná

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Sem concorrência, segundo lote saiu com desconto pífio na tarifa

Nelson Bortolin

O pacote de novas concessões de pedágio do Paraná começou a sair do papel. Dos seis lotes no anel de integração do estado, dois já foram a leilão. O governo diz que a tarifa será em média 56% mais barata que a anterior.

Mas, não é exatamente assim porque não entra nessa conta toda a inflação acumulada desde novembro de 2021 – quando foram encerrados os antigos contratos – até 2024, quando o novo pedágio começará a ser cobrado.

O primeiro leilão lote de concessões, que inclui trechos da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e a Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu ao Paraguai, foi realizado dia 25 de agosto e teve dois participantes. O vencedor, a Infraestrutura Brasil Holding 21, ofereceu um desconto de 18,25% na tarifa máxima proposta.

O resultado foi comemorado pelo governo do Paraná e pelo Ministério dos Transportes.

Já o leilão do segundo lote micou. Só um concorrente, o grupo EPR, se inscreveu e levou a concessão praticamente pelo preço inicial. o desconto foi de apenas 0,08%.

Este lote conta com a praça mais importante do Estado, a de São José dos Pinhais, que dá acesso ao Porto de Paranaguá e terá também um trecho no norte do estado, que inclui praças em jacarezinho.

Trecho do lote 1 (foto José Fernando Ogura/AEN)

TARIFA

O governo do Paraná vinha dizendo que a nova concessão teria tarifas bem inferiores que as da anterior. E continua batendo nessa tecla. Após o leilão do segundo lote, a administração do governador Ratinho Júnior disse que o valor por km do novo pedágio será em média 56% menor que o antigo.

Economista da liderança da oposição na Assembleia Legislativa do Estado, Wagner William, faz um cálculo diferente. E mostra que, pelo menos para os caminhões, haverá até aumento real em determinados locais em relação ao pedágio anterior.

Ele atualizou o valor da última tarifa pela inflação até o último mês de agosto e chegou ao custo de R$ 19,50 por eixo na praça de São José dos Pinhais. Projetando a inflação até março de 2024, quando o governo promete ter a nova concessionária funcionado, a tarifa estará em R$ 22,30.

Isso significa que descontando a inflação haverá um aumento real de 14% naquela praça.

Diferentemente do governo, ele não fez o cálculo do custo médio por km rodado de todo o lote.

DESCONTO SÓ PARA CARROS

O vice-presidente do Movimento Pró-Paraná, o engenheiro eletricista Nelson Gomez estima que a tarifa média por km no Paraná, de todos os lotes, será 40% mais barata que na concessão anterior.

Isso levando em conta o desconto de 5% que todo veículo terá direito se possuir tag para passagem automática. E também os descontos progressivos para quem usa o mesmo trecho frequentemente.

Essa é uma novidade importante do novo projeto. A cada vez que um usuário passar na mesma praça, no mesmo sentido, durante o mês, ele pagará menos. Gomez calcula que, na 30ª passagem mensal na praça de São José dos Pinhais, um carro pagará apenas R$ 3. Já, em São Luiz do Purunã, somente R$ 0,15.

Quando termina o período de 30 dias, as concessionárias voltam a cobrar o valor cheio na primeira passagem.

Infelizmente, esse modelo não vale para caminhão.

MAIS CARO AINDA

Além de não ter o privilégio do desconto progressivo mensal, os caminhões agora pagarão por eixo o mesmo preço pago pelo automóvel.

No modelo anterior havia descontos.

Por isso, na estimativa dele, em vez de 40%, a redução da tarifa na média do km rodado para caminhão será de 25%.

Nelson Gomez diz que o movimento, que reúne entidades empresariais, está bem satisfeito com o resultado do primeiro lote, embora acreditasse que poderia haver mais concorrência e o desconto chegar a 25%.

Quanto ao segundo lote, na opinião dele, é preciso fazer uma análise do que aconteceu para saber o motivo que afastou os investidores.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Paraná (Setcepar), Silvio Kasnodze, não acredita que o motorista de caminhão irá sentir diferença no valor do pedágio no Paraná.

Mesmo assim ele está satisfeito com a realização dos dois leilões porque, sem pedágio, para ele, não dá para ficar.

Veja no vídeo a entrevista que o empresário concedeu à Revista Carga Pesada:

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